Mais uma que estava na gaveta
Já vão passando algumas semanas que não venho aqui postar qualquer coisa. Os afazeres são muitos e não tenho tido tempo para me acalmar e colocar os neurónios a trabalhar para os meus contos eróticos. Entretanto tenho recebido alguns mails a perguntarem quando volto a contar histórias destas, assim, é para vos satisfazer o apetite que vou voltar aqui fica, não um conto erótico mas um recado a alguém que já não vejo desde 1906 mas que na altura foi muito bom e para quem, quando acabou, escrevi algo que guardei.
São os tais textos que tenho na gaveta.
(Na altura, ainda o Sócrates não nos tinha proibido de fumar)
Aqui vai ela!.......
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Quando às três da manhã chego a casa, ainda sinto o meu corpo transpirar os odores de tudo o que me rodeou durante o dia!
Sãos os cheiros das pessoas ao fim de um dia de trabalho se acamam tal sardinhas em lata, no comboio da linha de Sintra.
Embora também fume, o ar viciado que existe nos cafés dos outros fumadores agarraram-se ao meu corpo de tal maneira que nem o cheirinho aromático das bicas que fui bebendo durante o dia, fizeram suplantar tais odores.
É o suor que transbordou por todos aqueles corpos que rodopiaram durante a noite ao som daquela música em tons estridentes que me rebentam os tímpanos, numa discoteca onde passei algumas horas.
É o cheiro a tinta de impressão dos jornais que teimo em comprar todos os dias, embora depois de os ler tenha de lavar as mãos, pois não é só o cheiro a tinta mas também a sujidade que a mesma transporta para as minhas mão.
São os odores daqueles pauzinhos chineses que os mesmos nas suas lojas teimam em ter todo o dia acesos, mas que não deixo de frequentar à procura de uma prenda para um amigo ou outra coisa qualquer para continuar a alindar a minha casa.
Quando visito minha Mãe, são os odores de flores já murchas pelo tempo que muita gente ao visitar os seus mortos por ali deixam ficar mas depois não voltam lá para as tratar. Ou o cheiro muito característico a terra daquelas covas que se encontram abertas, já foram utilizadas, mas que estão prontas a receber outro ser que terminou o seu tempo nesta vida cheia de cheiros.
É o cheiro das pipocas que tive de gramar mesmo ao meu lado e foram mastigadas por um casal que não só se beijaram durante todo o filme como mastigaram aquele o rendo acepipe (para eles). Não só fiquei com aquele cheiro agarrado ao fato como não vi o filme em condições.
É o cheiro a cocó de cão que sem dar por isso pisei numa qualquer rua de Lisboa. É o cão de uma “senhora” toda vip que em vez de ter um cão devia ter uma vaca, como ela.
É o cheiro do cloro que se fixou em toda a pele, depois de ter dado uns mergulhos na piscina do clube de que sou sócio.
Como não bastava esse odor a cloro, ainda trago o cheiro de corpos que transpiraram na sauna onde passei duas horas. (Só troce o cheiro porque não havia ninguém de jeito).
Quando me vou deitar, mesmo depois de tomar um duche e feito um pouco de hidromassagem, ainda levo para a cama o cheiro do gel de banho da espuma de barbear, do perfume com que me besuntei, das velas acesas que até ao términos de sua vida ali ficam no meu quarto dando um ambiente sepulcral que tanto gosto.
No entanto, o que mais gosto é ainda do cheirinho que teima em não sair, de ti, quando fizemos amor pela última vez.
Aguardo o Milagre de te voltar a ver.
O Caçador
26-10-2006
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