Esta é a Praia do Magoito na zona de Sintra em Portugal em dia de nevoeiro.
Ainda não estava lá muito bom da puta da gripe que em tem atormentado desde o Natal. Desde então para cá só no fim de ano é que consegui dar uma fodas. Como foi? Bem se ainda não leu tem a oportunidade de ler agora clicando (aqui).
Ma vamos ao que interessa.
Estava um frio dos caraças, não chovia e então resolvi ir dar uma volta às praias cá do sitio. Se uma estava uma merda, a outra quase na mesma mas pelo menos a malta que lá estava não era a habitual da primeira.
Encostei o carro junto ao varandim e sai de máquina fotográfica em punho. Tirei algumas fotos, uma dela é a que dá inicio a este meu conto (Conto? Ou aconteceu mesmo?) vai ver.
Voltei para o carro e como estava chuviscando e já tinha montado o Chuvento abri um pouco os vidros das portas de frente para não embaciar tudo. Peguei numa pen onde estão algumas músicas de meu gosto para viagens ou quando estou parado, como era o caso pois nem sempre o que é debitado nas rádios não são do eu gosto e liguei-a ao rádio.
Estava nas calmas olhando o mar à espera das ondas grandes anunciadas mas elas não vinham.
O som que estava a sair nos altifalantes era um tema de Roberto Carlos “Detalhes” Estava tão absorto na paisagem que nem dei que o som estava demasiadamente alto. Conclusão! Ouvia-se lá fora.
O meu alheamento era tal que nem dei por um moço de chapéu-de-chuva aberto junto vidro do meu lado fazer gestos para baixar o vidro. Só depois de ter batido é que dei por isso. Então baixei o vidro.
- Desculpe mas o que está a tocar é da rádio ou mp3?
Abanei a cabeça surpreendido. Parei uns segundos mirei-o e o que estava a ver não era uma figura fantasmagórica do temporal, mas um jovem louro de olhos azuis e aí para os seus vinte anos, sem barba, sem piercings ou tatuagens inspirando-me confiança. Foram uns segundos suficientes para os meus neurónios me alertarem para algo que iria acontecer e respondi.
- Não! Não é do rádio! É de uma pen que trago sempre comigo.
- Desculpe mas ando há imenso tempo para adquirir este tema e não sei de que álbum faz parte. Copiou da Net?
- Não! Eu não tenho o hábito de copiar músicas ou filmes da Net. Compro sempre os originais e depois copio-os para as penes.
- Então você é contra os downloads?
- Sim! Acho que é um atentado aos direitos de autor?
- Eu por acaso também sou contra. Gosto mais de comprar os CDs. Às vezes também aceito cópias de amigos quando não consigo os originais.
O moço, cada vez estava a apanhar mais chuva e como me despertou confiança convidei-o a entrar.
- Já que podemos falar de música e coce está apanhando uma carga de água, porque não entra?
O Jorge, como soube mais tarde o seu nome. Entrou!
Depois já dentro do carro puxou do comando e fechou o seu carro que estava mesmo ali ao lado.
- Está um frio das caraças.
- Pois, Não só está frio como uma chuva miudinha e chata. Disseram que ia haver ondas de seis metros e vim até cá para as ver mas não temos sorte.
- Pois! Eu também, mas afinal está um nevoeiro que não se vê um palmo à frente do nariz. Vi-me à rasca para chegar cá a estrada tem muitas curvas e é perigosa.
- Quer dizer que você não é cá do sítio. - Perguntei.
- Não! Sou de Sintra mas também vim cá para ver as ondas. E você é de cá?
- Sim, moro aqui no Magoito mas mais lá para cima. Passo por aqui algum tempo e ali no café mas como estava só não me apeteceu ir.
- Por acaso até era uma boa ideia irmos tomar um cafezinho. Eu pago.
- É pá ainda agora nos conhecemos e já me queres pagar um café?
- A sua gentileza merece. Não me conhecendo de parte alguma convidou-me para o seu carro quando sé queria uma informação.
- Olha meu amigo como já reparas-te ou um pouco mais velho e tenho sempre defesas para quem se portar mal, mas você inspirou-me confiança.
- Sendo assim vamos aquecer com o tal café?
- Vamos nessa.
A Praia do Magoito mesmo no inverno é bastante agradável não só pelo panorama que nos dá como um restaurante-Café que fica na encosta junto ao caminho para a praia. Fica um pouco escondido mas é fácil de encontrar e de onde se é bem acolhido tanto na parte de restauração como na esplanada para o verão.
Foi para ali que fomos tomar o tal café, falar de música e conhecer-nos melhor.
Eu por mim não tinha muito a dizer pois a minha vida privada só a mim me diz respeito e senti da parte dele vontade de contar a sua então pulo à vontade e entre um café e um conhaque lá foi contando.
O Jorge é um moço que resolveu a sua vida saindo do conforto da casa dos pais para fazer a sua própria vida. É empregado numa agência de viagens tendo assim a possibilidades de correr mundo e dar azo aos seus desejos em cidades que as gentes são livres de preconceitos, principalmente Paris e Madrid.
Foi um choque para os pais quando um dia apareceu em casa com um amigo e disse ser o seu namorado. Os pais, retrógrados e muito temente a Deus puseram-lhe um dilema – Ou arranjava uma rapariga para namoro ou saia de casa – Jorge como a maioria dos rapazes perante estas situações e porque já não dependia monetariamente dos pais, resolveu arranjar um apartamento e sair de casa. Levou o namorado consigo mas como este era da sua idade a coisa não deu certo e durou pouco tempo. Hoje encontra-se só não se assume e dá azo aos seus desejos noutras paragens.
Naquele dia tinha ido ver o mar e deparou-se comigo. Entre ambos houve um clic de confiança e ali estivemos durante algum tempo. As luzes acenderam-se e foi a altura de regressarmos ao carro.
- Despedimo-nos aqui? Como sabes tenho o meu carro juntinho ao teu.
- Já que estamos numa de ver a paisagem não queres ir mais acima junto ao farol que ai sim tem uma paisagem fabulosa e podemos estar à vontade. – Disse eu.
Metemo-nos no meu carro que é maior, liguei o aquecimento e partimos ao local do farol. Quando lá chegámos já o carro estava quentinho. Não havia mais carro algum. Debrucei-me sobre ele para fechar o sistema de segurança da sua porta e ficamo-nos a olhar olhos nos olhos. Ambos demos um sorriso malicioso e nos beijamos. Um beijo longo de língua enquanto acariciávamos nossas faces.
- Está confortável? – Perguntei.
- Podes baixar o meu banco? – Foi a resposta.
Baixei ambos os bancos e tal como se estivéssemos na cama nossas mãos em uníssono dirigiram-se às braguilhas que desabotoa-mos.
Nossos paus já estavam hirtos e prontos a serem aquecidos com nossas bocas o que fizemos em grande sofreguidão não deixando chegar aos finalmentes.
Não demorou muito até nos despirmos como se estivesse-mos em casa
Os bancos deitados para traz em forma de cama. Os vidros embaciados pelo calor dos nossos corpos e o granizo que vinha do céu batendo no tejadilho do carro como uma bênção dos céus, estava a acontecer amor entre dois homens num acontecimento inesperado.
Quem comeu quem? Isso não interessa, Interessa simplesmente que naquele carro aconteceu poesia sexual.
O que aconteceu naquela tarde nada mais foi que a prova provada que a relação entre dois homens só é proveitosa quando um é mais velho. Não só pela sua experiência como o saber entender as incertezas que lhes pairam nas suas mentes.
Por incrível que pareça mesmo no carro acabaram por adormecer.
A bateria do carro é que ia pifando pelo gasto do aquecimento. Aquela manta vermelha que existe no banco de traz serviu de manta para aqueles corpos desnudos até de madrugada.
O sol começou a despontar lá no horizonte. O granizo e a chuva tinham acabado. O sol vinha com força e o carro começou a aquecer normalmente.
Vestimo-nos, beijamo-nos, trocamos moradas e telefones.
Descemos novamente até ao café que já estava a abrir. Eram sete da manhã.
Tomamos o pequeno-almoço cada um foi para o seu carro e seguimos caminhos diferentes com promessas de voltarmos até à praia do Magoito até porque lhe tinha prometido oferecer-lhe uma cópia do álbum do Roberto onde consta a canção de dor de corno “retalhos”.
Voltei a ligar a pen e quase por mágica o tema voltou a ouvir-se.
As fotos aqui apresentadas com excepção das da praia do Magoito que são minhas as outras são livres de copyright e retiradas da Net.
Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção
Nelson Camacho D’Magoito
(O Caçador)
“Contos ao sabor da imaginação”
© Nelson Camacho
2014 (ao abrigo do código do direito de autor)
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